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O futuro da óptica e da optometria

Atualizado: 17 de mai. de 2020


O futuro da óptica e da optometria

Não é segredo para ninguém que as profissões estão evoluindo e em nossa área não poderia haver exceção. Há quase uma década, expus aos meus alunos como a Optometria deveria estar mudando suas promessas acadêmicas, a fim de acompanhar a grande demanda e necessidade de profissionais que, ano após ano, são treinados com um grande conteúdo de sonhos e expectativas. Naquela oportunidade eu explicava (um tópico que sempre foi controverso) como a sinergia da óptica ancorava-se à optometria num conceito centenário de natureza comercial que vinha escondendo ao melhor estilo de uma corrente em contra do destino de outras ciências relacionadas à saúde

Lembro-me que foi em 2003 que obtive material de um programa desenvolvido nas regiões remotas da Colômbia, onde um piloto estava sendo realizado na época chamado telemedicina, onde se destinava a avaliar, quais serviços de saúde poderiam ser oferecidos neste modelo (Temed) como uma intenção de acompanhar as políticas disruptivas da OMS, no sentido de levar mais profissionais a mais lugares a um custo menor, nesse momento, a consulta optométrica foi uma das mais valorizadas com alta possibilidade. No entanto, entre o medo do desconhecido, a falta de tecnologia na maioria das clínicas naquela época, a falta de apoio do governo e o costume da zona de conforto de muitos profissionais, essa possibilidade foi silenciada.

Outro argumento apresentado foi que não havia razão para usar a tele optometria ou a tele-oftalmologia geral "se não era possível levar a óptica da mesma maneira".

Nos últimos anos, a tecnologia das comunicações está tornando cada vez mais possível essa atividade, os governos de vários países estão começando a legislar para esse fim, alguns limitando e regulamentando e outros abrindo possibilidades para permitir o maior número possível de serviços.

Faz tão só uns anos atrás, peguei essa ideia em conjunto com um ex-aluno empreendedor, no entanto, novamente as implicações comerciais e administrativas da óptica, foram uma das limitações para o desenvolvimento de um plano completo. Apesar de tudo, este exercício, me mostrou que aquelas ideias que estavam amadurecendo há quase duas décadas atrás, são cada vez mais possíveis e agora podem ser aplicadas em paralelo entre óptica e Optometria.

Quem me conhece sabe que respeito muito a óptica e vejo que sua sinergia com a optometria e a oftalmologia pode ser mantida, mas também, que sempre tenho sido detrato da posição do Optometrista que permite que a filosofia comercial da óptica seja imposta aos princípios da saúde visual e humanismo que muito devem nos identificar.

Hoje, em outra aula virtual, alguns alunos me perguntavam a respeito de o qué penso sobre o futuro da Optometria, ao que lhes expresso que, uma profissão tecnológica e que oferece serviços virtuais ou remotos, é uma possibilidade cada vez mais real, é uma optometria que pode alcançar lugares, onde não havia atingido anteriormente com serviços diferenciados, pelo menos para aquelas populações onde se acaso chegava alguém com uma “óptica” ambulante, com caixa de provas, estojo de diagnóstico e um Optometrista “em alguns casos com um título de duvidosa procedência".

Hoje existem refratores que podem ser usados ​​remotamente, a videoconferência é o pão diário, um fundo de olho, pode ser avaliado com um retinógrafo que não requer dilatação e o desenvolvimento de plataformas digitais que integram esses aspectos é totalmente viável.

Na óptica, é mais lucrativo não ter um espaço aberto com custos fixos, com a oposição de alguns optometristas e, com o patrocínio de outros, óculos e lentes de contato já são vendidos on-line, já existem aplicativos para fazer medições e adaptações de maneira digital. Qual é a diferença entre ter um tablet digital para fazer uma medição na óptica e vê-la em uma tela remotamente?

Mas isso não é a panacéia, porque a humanidade é especialista em descobrir uma tecnologia e aplicá-la, criar um mercado inteiro e depois descobrir que não estava preparada para suas conseqüências e que não conhece a consciência seus efeitos.

Um dos problemas enfrentados por nossa profissão é uma relação desequilibrada entre a oferta e a demanda. Há quase 20 anos, determinou-se que seria necessário um optometrista para cada 10.000 habitantes, isto fundamentado em sistemas de saúde integrais e teóricos, com base nesses dados, tem se defendido a abertura de novos cursos de formação profissional, contudo, a meu ver, essa cifra não faz justiça à realidade e sim, está criando um dos principais problemas da clase, uma saturação da oferta, que por não ser capaz de competir desde o serviço, torna-se em uma concorrência desleal desde o escritório ou uma possibilidade de expandir o combo desde a óptica.

Me explico, e para fazer isso como exercício, usarei números muito austeros, vejamos, se um profissional fizesse uma consulta em “20 minutos”, trabalhando 28 dias por mês, 11 meses por ano, sua agenda teria capacidade para 7.392 consultas, mas, a maioria dos profissionais concorda que sua agenda não é superior a 60%. da ocupação, e que em nossa população alguns pacientes consultam em média a cada 3 ou 4 anos, o que determinaria a cifra de um profissional para cada 20.000 a 30.000 habitantes.

Bem, se mudarmos a oferta para tele-atendimentos, é provável que as agendas sejam melhor gerenciadas, mas é importante ver o outro lado da moeda, o consultório remoto no qual se deverá investir será em média, de 3 a 5 vezes mais caro do que um consultório local, e um único ponto, não será suficiente para manter lotada a agenda.

Por esse motivo, será mais fácil ver nos próximos anos, uma óptica virtual, vendendo e adaptando óculos on-line, com serviços a domicilio e com armações e lentes fabricadas por impressoras 3D a preços cada vez mais baixos.

Não devemos esquecer que nossa população e seu poder de compra são finitos e que alcançaremos um limite muito em breve, se todos continuarmos com a filosofia de vender mais e a mais pessoas todos os dias, de fixar mais metas para os vendedores; é por isso que acredito que nossos valores devem ser diferentes: os do cuidado da saúde visual, a binocularidade, a conscientização da população e o financiamento para o atendimento a comunidades carentes de recursos que lhes permitam pagar por uma consulta. Talvez isso seja mais importante fazê-lo hoje e não ter que esperar o futuro para que a natureza nos force a mudar.

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